Obras

Copel deve iniciar este ano operação de duas novas usinas

Ao todo, três usinas estão em construção em 2012

por Ana Silvia Laurindo da Cruz

Na história da Copel, 2012 ficará marcado como o ano em que pela primeira vez a empresa conclui duas obras de geração praticamente ao mesmo tempo. Com três obras de usinas em andamento, duas delas prestes a serem inauguradas, a Companhia avança na expansão de seu parque gerador.

A expectativa da Diretoria de Engenharia é iniciar a operação comercial da primeira unidade geradora (são cinco no total) da Usina Hidrelétrica Mauá ainda este ano. O canteiro de obras já não parece mais o mesmo: uma olhada rápida dá a ideia de obra concluída, o que está muito próximo de acontecer. Toda a parte de construção civil do circuito de geração está pronta, o que inclui barragem, vertedouro, túneis de baixa e alta pressão, câmara de carga e casas de força principal e complementar. Os poucos operários que permanecem no local trabalham com acabamentos e recomposição florestal nas áreas onde ficavam as estruturas temporárias que estão sendo desmontadas.

Algumas das últimas atividades que envolveram um contingente maior de pessoas foram o tamponamento (fechamento definitivo com uma “rolha” de concreto) dos túneis que desviaram o rio Tibagi pela margem direita no período em que a barragem foi construída no leito e os programas ambientais executados na área do reservatório. Os programas foram realizados entre os dias 1.º de setembro de 2009 e 28 de junho de 2012, data de fechamento das comportas para início do enchimento do lago. Alguns deles, como o resgate de flora e fauna, continuaram durante o período de enchimento.

A partir disso, o acompanhamento diário das vazões afluentes do rio Tibagi acontecia paralelamente aos testes dos grupos de turbinas e geradores, ainda sem água. Com o atingimento da cota mínima operacional do reservatório, teve início o comissionamento com água das unidades geradoras e comportas do circuito hidráulico.

Os testes estão acontecendo gradativamente e devem continuar até o início de 2013, quando a usina deverá operar com força total e potência instalada de 361 megawatts, podendo suprir demanda por energia elétrica de aproximadamente 1 milhão de pessoas. A hidrelétrica Mauá será conectada ao Sistema Interligado Nacional através de uma subestação e duas linhas de transmissão (230 kV) que já estão energizadas.

A usina foi instalada no trecho médio do rio Tibagi, entre os municípios de Telêmaco Borba e Ortigueira. A concessão para construção e exploração do empreendimento pertence ao Consórcio Energético Cruzeiro do Sul, que tem a Copel como majoritária (com 51% de participação) e a Eletrosul Centrais Elétricas, estatal federal do grupo Eletrobras, como parceira. As empresas estão investindo, juntas, cerca de R$ 1,5 bilhão nesse empreendimento.

Cavernoso II reforça presença da Copel na região

Outro empreendimento que deve iniciar operação comercial este ano é a Pequena Central Hidrelétrica (PCH) Cavernoso II, instalada em trecho do rio Cavernoso entre os municípios paranaenses de Virmond e Candói.

A última fase das obras de implantação incluem a finalização da barragem (margem esquerda), do vertedouro, do canal de adução e da tomada d’água, além do enchimento do reservatório, que terá apenas 43,7 hectares. Na casa de força, onde ficam as turbinas, as obras civis chegam ao fim paralelamente ao avanço da montagem eletromecânica das unidades de geração de energia.

A expectativa é que a PCH comece a operar comercialmente em novembro. Com 19 megawatts de potência instalada, vai produzir energia limpa e renovável para atender ao consumo de 50 mil pessoas. A previsão total de investimentos no projeto é da ordem de R$ 120 milhões, o que inclui, além da central hidrelétrica, a linha de transmissão Cavernoso II seccionamento Canteiro de Segredo – Laranjeiras do Sul (138 kV) .

A PCH Cavernoso II fica muito próxima à usina Cavernoso (1,2 megawatts), construída no final da década de 50 e inaugurada em 1965, quando foi incorporada pela Copel. Apesar da potência instalada ser pequena para os padrões atuais, ela teve grande importância para a região naquela época, contribuindo para o processo de colonização da região Sudoeste do Paraná por imigrantes poloneses e russos.

Obras avançam no Mato Grosso

No canteiro de obras da Usina Hidrelétrica Colíder, em Nova Canaã do Norte (MT), quase 2.500 trabalhadores dividem-se em diversas frentes de trabalho. A barragem que represará as águas do rio Teles Pires está sendo construída com solos extraídos na própria obra e será feita em três etapas. A primeira inclui o trecho da barragem executado totalmente na margem direita do rio. O núcleo da barragem é formado por solo argiloso compactado, tornando a barragem de solo homogêneo, mais impermeável. A barragem é também protegida por um sistema de filtros e de trincheira que servirá para drenar a água que eventualmente se infiltre no maciço.

No vertedouro da usina – que será instalado na barragem para permitir o escoamento do excesso de água do futuro reservatório em época de cheia – avança o lançamento de concreto nos pilares e a montagem da armação que sustentará uma das comportas previstas. Também está sendo preparado o muro de contenção de concreto que fará a transição entre o vertedouro e a barragem.

Outras estruturas do circuito de geração também estão sendo construídas, com destaque para as concretagens estruturais da tomada d’água, que será a “porta de entrada” da água do futuro reservatório para a casa de força.

A Casa de Força é a estrutura onde será feita a instalação dos grupos de turbinas e geradores. Atualmente, estão sendo realizadas as concretagens iniciais desta estrutura.

Quando a hidrelétrica Colíder estiver pronta, a energia gerada na casa de força deverá passar por uma subestação (em construção dentro do canteiro de obras da usina) e por uma linha de transmissão de energia de 65 km de extensão, ambas operando na tensão 500 kV, até chegar em outra subestação do município de Cláudia. Assim, a hidrelétrica estará conectada ao Sistema Interligado Nacional e sua energia poderá ser distribuída para diferentes regiões. A Usina Colíder terá potência instalada de 300 megawatts, o que significa que poderá gerar energia suficiente para atender ao consumo de 850 mil pessoas.

CRONOGRAMA

A partir de abril de 2013, quando se inicia o próximo período seco na região, terão início as construções das outras duas etapas da barragem principal – no leito do rio e na margem esquerda, com a mesma configuração da barragem na margem direita executada atualmente –, além da construção da barragem de fechamento erguida junto às estruturas de concreto da casa de força, que será de enrocamento com núcleo de argila. A barragem da hidrelétrica Colíder terá 1.526 metros de comprimento na crista e deve estar pronta no final de 2013.

Para que esse trabalho possa ser feito, o rio Teles Pires será desviado por dentro do vertedouro. Ensecadeiras (barragens auxiliares provisórias) também já estão sendo preparadas para permitir o desvio.